A vida depois do câncer
O Seu Manuel (nome fictício) descobriu um câncer de próstata aos 76 anos.
O prognóstico? A cirurgia não seria necessária, por ter sido um diagnóstico precoce, mas o tratamento seria intenso.
Descobrir um câncer nunca é fácil, e quando isso acontece beirando os 80 anos em um paciente cheio de vitalidade, força e disposição, o baque pode ser ainda maior. Mas Seu Manuel nunca se deixou abalar.
Eu descobri o câncer de próstata, com 76 anos, em um exame que acusou um índice muito elevado de PSA. Imediatamente procurei os médicos novamente para entender a doença.
Encarei o diagnóstico com o máximo de naturalidade possível e sempre estive disposto a fazer todo o tratamento até ficar curado.
Apesar de acontecer em todas as idades, o câncer é predominante em pacientes idosos. Quanto aos tumores malignos de próstata, 75% dos casos ocorrem em homens com mais de 65 anos, afinal, à medida que o paciente envelhece, o risco de ter câncer de próstata também vai aumentando.
O lado positivo é que o câncer de próstata tem, diferente dos demais cânceres, uma progressão lenta, o que faz com que os sintomas demorem a se manifestar e leve algum tempo até que se espalhe. É por isso que quando os tumores são diagnosticados em uma fase em que não trazem riscos graves, nem sempre há a necessidade de uma intervenção cirúrgica imediata.
Imediatamente iniciamos o tratamento, que levou cerca de 2 anos, e foi com radioterapia e quimioterapia.
Mas isso só é possível quando o câncer de próstata é diagnosticado precocemente. Quando o paciente não busca a prevenção, o diagnóstico é tardio e as chances de bons resultados diminuem. E o diagnóstico pode vir associado à insuficiência cardíaca, diabetes e outras doenças.
Além da idade avançada, o câncer tem alguns fatores de risco, como obesidade, genética, maus hábitos e tabagismo.
Acredito que exista grande influência genética, pois o meu pai teve câncer de próstata e, depois que eu tive, o meu irmão mais novo também teve.
Essa questão, que se torna ainda emocional, direciona o câncer para um lado humano e social: o paciente precisa de apoio e suporte, pois sentimentos como tristeza, revolta e insegurança podem figurar de maneira recorrente durante o tratamento.
O apoio que tive não só da minha família e amigos, como também dos médicos e profissionais da saúde que me atenderem, principalmente a médica da família, foi muito importante. Isso me ajudou a encarar com naturalidade todo o tratamento e fazê-lo com dedicação até o fim, até a informação de que eu estava curado do tumor. Acredito que foi o que me ajudou a curá-lo.
Mas e quando o paciente se vê livre da doença? Após enfrentar o momento e superá-lo, como voltar à rotina, e quais as mudanças em uma vida sem o câncer? Como a vida continua? Mesmo quando se encerra o tratamento, o paciente tem ainda um período de espera para se considerar curado, desde que não haja recidiva.
Quando recebi a informação de estar curado fiquei muito aliviado, principalmente por eliminar o tratamento em si. A vida continuou normal: não alterei nenhum comportamento, mas mesmo realmente muito tranquilo com a cura do câncer, mantive atenção com a minha saúde.
Continuo anualmente fazendo uma revisão, um checkup, que tem mostrado sempre resultados positivos, e acho muito importante que se faça esse acompanhamento principalmente de uma certa idade em diante. Precisamos cuidar da saúde como podemos, com prevenção e seguindo a orientação dos médicos responsáveis. Hoje estou tranquilo e bem.
Após o câncer, é possível descobrir uma nova maneira de viver e encarar o mundo. É possível, aos poucos, deixar para trás os efeitos colaterais e se reestabelecer, sempre cuidando da saúde com atenção. Os exames de rotina e o acompanhamento médico devem fazer parte do dia a dia, assim como manter bons hábitos e estar perto daqueles que cuidam e apoiam.
E você gostaria de compartilhar conosco alguma história de luta ou superação?
* Seu Manuel hoje tem 84 anos e está há 6 anos livre do câncer. Leva uma vida tranquila, cuidando da saúde e mantendo em dia os exames de rotina, e não apresentou novamente nenhum sinal de alerta.
O nome do paciente foi alterado para preservar sua imagem.